Manchester City e Paris Saint-Germain se tornaram times sinônimos de dinheiro no futebol atual. Bancados por investidores estrangeiros, com recursos financeiros de origem duvidosa, mas com capacidade quase que infinita, eles buscaram grandes nomes do futebol mundial e saltaram patamares que não conseguiam anteriormente. O que poucos lembram é que muitos anos antes, bem longe do luxo de uma Champions League e do próprio glamour que os milionários jogadores que os dois clubes atraem nos dias de hoje, City e Paris se encontraram em um torneio europeu. Foi na Copa da UEFA – atual Europa League – da temporada 2008/09, ainda na fase de grupos da competição. Trata-se de um duelo absolutamente esquecível, de duas equipes que tampouco lembram as atuais.
Aquele PSG ainda não era rico e vivia à sombra do Lyon, que estava às vésperas de perder seu domínio local para o Bordeaux. O técnico era Paul Le Guen, que havia conquistado a Ligue 1 anos antes pelo OL, e ele tinha como principais peças os veteranos Claude Makélélé e Ludovic Giuly, além do goleador Guillaume Hoarau. Mamadou Sakho, cria do clube, era a grande jóia parisiense e acabou sendo, futuramente, um dos poucos remanescentes no elenco abastecido pelo dinheiro do Qatar.
Cenário diferente vivia o City, treinado por Mark Hughes. Estávamos falando da primeira temporada de Robinho na Inglaterra, o primeiro grande arrombo que os Citizens deram no mercado de transferências. O atacante foi adquirido junto ao Real Madrid por 40 milhões de euros. O brasileiro, porém, foi poupado naquele confronto já que o time inglês, com 6 pontos, estava classificado para a próxima etapa da Copa da UEFA. O PSG ainda não havia vencido e estava sob risco.
Mais de uma década depois, vendo que os dois times possuíram atletas estelares como Neymar, Mbappé e De Bruyne, soa como uma pérola olhar as escalações de 2008. O City tinha no gol Joe Hart e uma defesa formada por Zabaleta, Dunne, Ben Haim e Garrido. No meio de campo, uma trinca composta por Ireland, Kompany e o brasileiro Elano, recém contratado junto ao Shakhtar Donetsk. No ataque, o trio Sturridge, Vassell e Jô, esperança brasileira que vinha de grande destaque no CSKA, da Rússia. Além de Robinho, foram poupados Micah Richards e Wright-Phillips, também considerados destaques do time.
Já o Paris foi escalado com o experiente Landreau no gol e uma defesa bem rígida, com Camara, Traoré, Bourillon e Sakho. O meio tinha uma linha de quatro jogadores, com Pancrate, Clément, Makélélé e Rothen, todos municiando a dupla de ataque formada por Luyindula e Kezman. Poupados, Hoarau e Giuly entraram apenas na etapa final.
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Como disse acima, foi um jogo esquecível – tanto quanto as duas escalações. Poucas emoções, chutes escassos e nenhum gol. O City chegou a incomodar a meta de Landreau na primeira etapa, com Jô e Elano, que numa sequência de ataques obrigaram o goleiro parisiense a trabalhar. No lado do PSG, Luyindula e Kezman criaram ocasiões no 2º tempo. Nada suficiente para balançar as redes no City Of Manchester, naquele que foi o primeiro confronto entre as duas equipes na história.
Curiosamente, o Manchester City ainda foi decisivo para que o PSG conseguisse passar de fase na competição. Na rodada final, o Paris precisava ficar a frente do Racing Santander, que somava os mesmos 2 pontos. Contra o Twente, os franceses golearam por 4 a 0, mas estavam vendo os espanhóis bater o City por 3 a 0, com ambos igualando no saldo de gols. Eis que nos acréscimos, Caicedo marcou pros ingleses e a classificação parisiense foi confirmada com um mísero gol a mais de saldo.
Nenhum dos dois, porém, teve vida longa na competição. O PSG chegou a desbancar Wolfsburg e Sporting Braga, mas caiu para o Dynamo de Kiev, nas quartas de final – em jogo marcado por um frango monumental de Landreau – enquanto o City parou no Hamburgo, na mesma etapa, depois de ter eliminado Copenhagen e Aalborg.