Técnico do Paris Saint-Germain já na era milionária e tendo que gerenciar um estrelado vestiário, com nomes do calibre de Neymar e Mbappé, Maurício Pochettino experimentou sabores diferentes na capital francesa enquanto jogador. O argentino vestiu a camisa do PSG em uma época de vacas magras, entre 2001 e 2003. Disputou 95 jogos oficiais, marcou seis gols, mas não conquistou nenhum troféu. O mais perto que chegou foi na Copa da França da temporada 2002/03.
A caminhada até a decisão, disputada com o Auxerre, foi absolutamente irrepreensível. Despachou na 1ª fase o Besançon, da 3ª divisão, eliminou o rival Olympique de Marseille nas oitavas de final – com gol de Pochettino – e completou a caminhada deixando para trás o Stade Lavallois, da 2ª, o Martigues, da 3ª, e o tradicional Bordeaux na semifinal.
Se Pochettino era peça chave do sistema defensivo, lá na frente era Ronaldinho quem decidia. Foi dos pés dele que saíram os gols do 1 a 0 contra o Martigues e do 2 a 0 frente ao Bordeaux. Se chegou a decisão, foi, também, por causa dele.
A decisão da Copa da França também se tornou uma forma de o PSG, dirigido por Alain Fernandez, salvar a temporada. Na Ligue 1, o time terminou numa indigesta 11ª colocação, enquanto na Copa da Uefa (a atual Europa League) não conseguiu superar o Boavista, de Portugal, na fase de 16 avos de final. Conquistando o torneio, não só levava um troféu pra casa como aliviava a barra com a torcida.
E tudo parecia que iria seguir esse rumo no Stade de France. Logo aos 21 minutos de jogo, Ronaldinho escapou pela esquerda e invadiu a grande área. Ele cruzou, a zaga do Auxerre não cortou e Hugo Leal finalizou firme, pro fundo das redes de Cool. Explosão em Saint-Denis e caminho aberto para o troféu.
Porém, também aos 21 minutos, mas na etapa final, o mesmo Hugo Leal colocou tudo a perder. O português ergueu demais o pé numa dividida com Mexès na intermediária e foi expulso de campo. Pochettino, no papel de capitão, argumentou, mas não teve jeito e o PSG precisou se ajeitar com dez.
Pochettino, aliás, viria a ser uma peça chave no começo da derrocada do Paris na decisão. Aos 31, ele seguia de perto Djibril Cissé. Bastou tirar o olho dele por um segundo e o camisa 9 do Auxerre foi lançado em suas costas. O goleador do AJA ainda viu Heinze errar o corte num movimento acrobático e teve a liberdade necessária para vencer Alonzo e empatar a partida.
No minuto final, veio o último golpe. Em falta cobrada na área, a zaga do PSG não conseguiu afastar e Boumsong mandou para as redes após intenso bate e rebate. A reação de Pochettino foi imediata: ele se ajoelhou na pequena área, levou as mãos ao rosto e lamentou, porque sabia que a taça estava escapando naquele momento. Quem levantou o troféu não foi ele, mas, sim, Yann Lachuer, ao lado de Boumsong, o herói do título.
Aquele foi o ponto final da passagem de Pochettino como jogador pelo PSG. Foi seu último jogo – a exemplo de Ronaldinho – e meses depois, o argentino se juntou ao Bordeaux, colocando ponto final em uma caminhada que até teve seus marcos, mas que não ficou sem um troféu que esteve em suas mãos.